Sobre os obstáculos

segunda-feira, 5 de julho de 2010



Vivemos em tempos de guerra – ou melhor, estamos aprendendo (ainda) a viver! Somos ora frágeis, ora heróis. Somos vis quando queremos ser, ou quando acreditamos que seja necessário. Ser assim, por vezes, nos é uma alternativa de defesa. As decepções do mundo e com o mundo nos tornam cada vez mais distantes do que somos de verdade, em nosso íntimo. Queremos sempre nos aprimorar “por” motivo dos obstáculos, mas não nos aprimorar “para” eles – o que nos seria mais benéfico. É questão de orgulho nosso. Orgulho humano, pois não sabemos perder, não queremos perder. Nenhum obstáculo pode deter nossa caminhada. Temos direitos! Podemos andar para onde quisermos nos caminhos da vida, mas cedo ou tarde, e várias vezes em nosso tempo, somos detidos. Paramos. Somos freados e nossa trajetória perde o rumo por alguns instantes. Somos assim. Já foi dito, certa vez: “o pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”. Belas palavras, Churchill. Isso também é verdade quanto aos obstáculos da vida – eles são simples oportunidades de vencermos nossas dificuldades e limitações, de nos aprimorarmos.

Ficamos repletos de dúvidas nesses instantes de derrota, em que paramos nossas vidas por motivo de alguns obstáculos, e, por vezes, essas dúvidas se perpetuam por vários tempos após esses momentos. Não conseguimos entender o porquê de a vida não ser simples da forma que queríamos que ela fosse – mas, o que é fato, é que não sabemos o que queremos da vida ou o que esperar dela. Não sabemos de muitas coisas. Restam a nós as hipóteses e os aprendizados da vida que são essenciais para isso. Tornamo-nos melhores com o tempo, mas de forma mais lenta do que poderia ser, pois insistimos em perder tempo reclamando e culpando as coisas, os outros, Deus. Somos os culpados de nossos erros durante a trajetória terrestre, nossa longa caminhada, nossa vida. Somos nós que devemos estar preparados para os obstáculos. Devemos nos adequar para superá-los, e não esperar que eles se amoldem para nós. Não haveria sentido se assim o fosse, pois deixariam de ser obstáculos, sendo apenas pequenas pedras no caminho, fáceis de serem vencidas.

Na vitória sobre os obstáculos, somos nós que vencemos, somos nós que aprimoramos a nós mesmos para os próximos estorvos da caminhada. Precisamos deles. E, inclusive, muitas vezes, pessoas são nossos obstáculos. Com seus erros, sofremos. Com suas falhas para conosco, nos decepcionamos. Isso nos magoa e, quando ocorre, nos tornam receosos para os novos encontros advindos a partir desses que nos decepcionaram. Sofremos por isso. Se alguém nos faz sofrer, os demais são também culpados para nós. Culpamos a todos devido aos erros de um ou de uns. Culpamos toda a raça humana dizendo frases como “o ser humano é assim mesmo”. Não! As pessoas são o que vemos nelas. Mas, as pessoas não são e nunca serão o que esperamos que elas sejam. Todos têm autoridade sobre si próprios. As pessoas existem tal qual os obstáculos: devemos nos adequar a elas, mas não ficar esperando elas se moldarem aos nossos padrões de expectativas.

As pessoas são o que o tempo revela. Mas não sabemos e não queremos esperar. Muitas vezes nos decepcionamos, e essa decepção é uma derrota. Não! As decepções são vitórias. Se alguém te faz triste: erga a cabeça e siga adiante. Aquela pessoa que trai suas expectativas, suas esperanças, é nada mais que um alguém, por ora, desnecessário a partir de então. Não foi o erro da pessoa que te fez sofrer, foram suas expectativas frustradas para com ela que te tornaram triste com os fatos. Não sofra! Se alguém te tira gotas de lágrima, enxugue-as. Siga adiante! Essa pessoa te foi essencial, pois te deu a oportunidade de perceber que estava esperando demais dela num momento em que ela ainda não estava preparada para suas expectativas. Não sofra e não faça essa pessoa sofrer pelos supostos danos que acha que ela lhe causou. Siga em frente! Apenas siga, amigo!

Pedro GuiSaX

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