Não pretendo ser pai ...

sexta-feira, 18 de junho de 2010


Não pretendo ser pai. Me basta apenas ser filho, pois disso faço muito, acho muito. E sou muito sendo assim. Me basta. Sou feliz. Me sinto eterno em minha efemeridade. Me sinto parte do todo e o todo passa por aqui, minha família! Um rabisco perfeito de Deus na tela de minha vida. Verdadeira aquarela. Sou dela parte e ela é meu todo. Minha família! Sem ela sou um nada. Não pretendo ser pai. Nem pretenderia ser mãe se mulher eu fosse. Sou muito pouco perto de meus pais. Sou, digo mais, um nada. Alma vazia, imperfeita, incompleta. Tão pouco que nem procuro definição (me ocupo em me definir, puro e simplesmente).

Não pretendo ser pai. Os meus são meu tudo. De meus filhos, não conseguiria ser tanto. Sou parte de um todo e esse todo é mesmo tudo. Meu tudo! Não sou peça-chave, apenas um ser a mais, honrado por existir ali, naquela família, naquele meio, nesse lugar. Nesse mar de felicidade, mar de paz e amor, mar de completa plenitude. Meu mar familiar, fraterno. De amor sem fim.

Não quero ser pai. Não seria nunca tão bom quanto o que tenho. Nem menos quereria ser mãe, caso mulher eu fosse, pois sei que nem de longe seria igual à mãe que tenho. Pai e mãe assim, só eu os tenho. Sem eles sou roda solta, vagando em vão, esperando o fim. Sem eles sou nada, vácuo existencial, casca sem fruta - só casca a ser jogada fora! Sem eles sou qualquer outro, nunca seria eu, pois sou feliz! Por eles vivo, por eles bate meu coração. E como bate esse bendito, num ritmo louco, quase eterno dizendo: amor, amor, amor. Pois foi o que aprendi: Amar! Amor! Ser amado!

Não quero ser pai e não quereria ser mãe. Quero ser apenas filho. Filho de meus pais, um eterno aprendiz dos melhores mestres escolhidos a dedo pelo Criador. Presentes pra mim; uma graça – que nem mesmo sei se fiz, algum dia, por merecer! Não pretendo ser pai. Apenas pretendo ser filho. Se de mim viesse um rebento, para ele tentaria ser o melhor, o mais forte, o herói, mas nunca o que é meu pai, nunca o que é minha mãe. Não sou assim, pretensioso. Sei meu lugar. Meu lugar é como filho. Eles, meus pais, são meus remos e eu um remador no meio do mar. Levo comigo meu barco, levo a vida, ou melhor, ele me leva, ela me leva; melhor ainda, meus remos levam nós dois, eu e meu barco, eu e minha vida. Meus remos, meus pais. E eu? Um simples remador, remando pelo infinito, remando para o infinito - repleto de felicidade, repleto da graça de ser filho e apenas filho! E isso é tudo.

Pedro GuiSaX

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