Não pretendo ser pai ...

sexta-feira, 18 de junho de 2010


Não pretendo ser pai. Me basta apenas ser filho, pois disso faço muito, acho muito. E sou muito sendo assim. Me basta. Sou feliz. Me sinto eterno em minha efemeridade. Me sinto parte do todo e o todo passa por aqui, minha família! Um rabisco perfeito de Deus na tela de minha vida. Verdadeira aquarela. Sou dela parte e ela é meu todo. Minha família! Sem ela sou um nada. Não pretendo ser pai. Nem pretenderia ser mãe se mulher eu fosse. Sou muito pouco perto de meus pais. Sou, digo mais, um nada. Alma vazia, imperfeita, incompleta. Tão pouco que nem procuro definição (me ocupo em me definir, puro e simplesmente).

Não pretendo ser pai. Os meus são meu tudo. De meus filhos, não conseguiria ser tanto. Sou parte de um todo e esse todo é mesmo tudo. Meu tudo! Não sou peça-chave, apenas um ser a mais, honrado por existir ali, naquela família, naquele meio, nesse lugar. Nesse mar de felicidade, mar de paz e amor, mar de completa plenitude. Meu mar familiar, fraterno. De amor sem fim.

Não quero ser pai. Não seria nunca tão bom quanto o que tenho. Nem menos quereria ser mãe, caso mulher eu fosse, pois sei que nem de longe seria igual à mãe que tenho. Pai e mãe assim, só eu os tenho. Sem eles sou roda solta, vagando em vão, esperando o fim. Sem eles sou nada, vácuo existencial, casca sem fruta - só casca a ser jogada fora! Sem eles sou qualquer outro, nunca seria eu, pois sou feliz! Por eles vivo, por eles bate meu coração. E como bate esse bendito, num ritmo louco, quase eterno dizendo: amor, amor, amor. Pois foi o que aprendi: Amar! Amor! Ser amado!

Não quero ser pai e não quereria ser mãe. Quero ser apenas filho. Filho de meus pais, um eterno aprendiz dos melhores mestres escolhidos a dedo pelo Criador. Presentes pra mim; uma graça – que nem mesmo sei se fiz, algum dia, por merecer! Não pretendo ser pai. Apenas pretendo ser filho. Se de mim viesse um rebento, para ele tentaria ser o melhor, o mais forte, o herói, mas nunca o que é meu pai, nunca o que é minha mãe. Não sou assim, pretensioso. Sei meu lugar. Meu lugar é como filho. Eles, meus pais, são meus remos e eu um remador no meio do mar. Levo comigo meu barco, levo a vida, ou melhor, ele me leva, ela me leva; melhor ainda, meus remos levam nós dois, eu e meu barco, eu e minha vida. Meus remos, meus pais. E eu? Um simples remador, remando pelo infinito, remando para o infinito - repleto de felicidade, repleto da graça de ser filho e apenas filho! E isso é tudo.

Pedro GuiSaX

Algo

Na vida não apenas se conhecem pessoas, se agregam corações à mente, mentes ao coração, corações ao coração e mentes à mente. Damo-nos conta uns dos outros e contemplamo-nos com a caminhada conjunta. Assim, tornamo-nos amigos, seres unidos em uma caminhada que não importa aonde vai dar, pois como já foi dito por alguém, em algum lugar do mundo: a verdade não é um fim, mas o próprio caminho.

Pedro GuiSaX

Sobre a vida, o amor e algo mais


A hipocrisia de um homem não se limita aos seus atos, mas abrange, até mesmo com maior intensidade, seus pensamentos. Tudo é um mar de mentiras a serem contadas e repetidas para todos, em um mundo onde não basta ser, mas, na verdade, basta-nos fingir ser. Todos somos vítimas de um mundo sujo, mentiroso e, como já dito, hipócrita. Somos peixes nesse mar! Mas, vez ou outra, percebemo-nos afogando - mas não se preocupe, é apenas impressão. Somos todos fingidores... Fingimos tão completamente que chegamos a fingir que não há dor na dor que de fato sentimos única e simplesmente pelo fato de existirmos e, também, de pensarmos - ou algo assim! Viver torna-se difícil se pensamos. Mas, como certa vez gritou ao mundo um pensador, pensar é existir. Todos iguais, sim! Todos nós queremos ter vida, pois todos sabemos que viver é lutar diariamente contra dúvidas, riscos, perigos dos mais diversos. Isso é excitante, não? Isso nos faz querer ir além. Um eterno “thanatos” de Freud.

Para vivermos, aprendemos com o mundo que devemos ser aquilo o que de fato não somos - mas que, talvez, seria bom se o fossemos. Viver, hoje, se resume a usar máscaras. Cada dia uma, mas, por vezes, a mesma por uma vida toda. Isso é a vida, amigos! Isso é a vida, amigos? Não se espantem, não há perigo, apenas falsidade. Falsidade não impõe medo, pois é falsa por si só. Não existe nada além do que é inventado quando se permitem as falsidades! Daí, em meio às falsidades, chega-se à hipocrisia! “Habemus” hipócritas! Isso é viver! Isso é viver? Um otimista poderia me parar nesse momento, me reprimindo ao dizer que tudo o que foi dito aqui é balela, mas com certeza, em seu íntimo, estaria chorando por saber que é verdade – pelo menos parcialmente! Somos enganados! O amor? Existe? Duvide disso, mas não te darei resposta. Apenas, amigos, quero que te preparem, pois amar é correr em pastos verdejantes com um belo rocinante, mas, uma vez com ele e por sobre ele, em qualquer momento poderemos cair.

O amor é uma flecha atirada no escuro, nunca sabemos (nem saberemos) se ela atingiu ou atingirá o alvo pretendido. Mas ame! Viva! Sorria! Principalmente sorria. Sorria mais do que viva e viva mais do que ame. Seja feliz! Tua felicidade será tua cama, teu sorriso será teu travesseiro, tuas experiências na vida serão teus sapatos para a caminhada e o amor, ah, o amor...! Ele estará contigo – de alguma forma. Assim, repousarás tranquilo por toda a sua eternidade.

Pedro GuiSaX

REFLEXÕES SOBRE ACIDENTES DE MERGULHO

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Durante este meu ultimo curso de mergulho, fomos informados de que os acidentes de mergulho, estatisticamente, ocorrem na sua maioria com dois grupos de pessoas:

1) Mergulhadores inexperientes: porque não conhecem muito bem seu equipamento, as normas de segurança e ficam inseguros;

2) Mergulhadores muito experientes: porque confiam demais em seu equipamento e na sua aptidão, acham que estão tão certos que acabam cometendo erros, as vezes fatais.

Diante disso fiquei pensando. Será que o mesmo ocorre na vida da gente? Será que nossos erros, decepções e tristezas podem também ter origem na nossa inexperiência em lidar com os fatos ou com o nosso excesso de confiança ao intuir que somos extremamente capazes de lidar com os problemas sem dar-lhes o devido valor?

É uma questão muito complexa para ser respondida. Comporta muitas opiniões, muita reflexão, muitas páginas de teoria, muitas horas de experiência.

Mas, diante da estatística que se aplica ao acidente de mergulho, os mergulhadores novatos recebem melhor treinamento e são assistidos de perto por instrutores. E os mergulhadores veteranos são condicionados a cumprir à risca uma série de procedimentos, a princípio sem a menor utilidade, mas que garantem a completa verificação do equipamento e a atração de sua atenção. Assim, evitam-se novos acidentes.

Penso que, mesmo não havendo estatísticas sobre as causas dos problemas da vida, deveríamos adotar as mesmas medidas de prevenção. Preparando-nos para as adversidades e não menosprezando os obstáculos.

A estatística sobre o mergulho parece óbvia no que pertine ao mergulhador inexperiente. Nossa lógica é clara em apontá-lo como o mais suscetível a acidentes. Porém, seguindo a mesma lógica, é estranho perceber que os veteranos (com mais de 15, 20 anos de mergulho) sofrem mais acidentes que os novatos. Afinal, após longo período de atividade, o que se espera é que tenham aprendido, e bem, formas seguras de mergulhar. Não é lógico que um veterano cometa erros e sofra fatalidades.

E é justamente isso que me assusta nesta estatística. A simples experiência, por 20 anos consecutivos, não nos traz a segurança absoluta, não só no mergulho, mas também em qualquer ramo da vida. Tanto o veterano quanto o novato devem se submeter aos mesmos cuidados, ao mesmo ritual antes do mergulho, às mesmas checagens “bobas”, relembrar os mesmo procedimentos de segurança (que, se Deus quiser, nunca serão usados, mas que devem ser revistos a cada mergulho, pois nunca se sabe quando se irá precisar), enfim, cumprir todo o protocolo antes de cair na água.

E isto sim se aplica às nossas vidas. Passamos tantas vezes e tanto tempo por experiências tão parecidas que acabamos nos acostumando. Julgamos que nossa atitude é a mais correta, perfeita, impassível de correções ou aprimoramentos. As vezes, pela prática, até “institucionalizamos” algo que não é o mais correto, como comer na sala vendo televisão, sair de casa sem avisar para onde vai e quando volta, deixar de compartilhar os problemas para não preocupar o outro, deixar de rezar juntos etc..

E assim como o veterano do mergulho, nós, suprimindo a cada dia estas práticas vitais mas que muitas vezes parecem desnecessárias, julgando sempre que tudo está correto ou que funciona bem como está, deixando de lado a necessidade humana de apreender, evoluir e de se adaptar, estamos cada vez mais vulneráveis a um acidente.

Em meu trabalho recebo os mais variados tipos de problemas para tentar resolver. Alguns são brigas entre familares, mas quase todos os problemas tem origem familiar.

Desde uma briga de família até ao tráfico de drogas, nota-se a presença do mesmo tema: família.

A família é o berço do homem. É refúgio. É escola. É o início e o fim. O Homem é um ser social e só se realiza plenamente dentro de uma família, seja esta consangüínea ou não.

Geralmente, percebo que a falta de orientação familiar gera desequilíbrios que por sua vez levam ao delito.

Por outro lado, há as brigas de família. É muito fácil amar o próximo que está longe. Difícil é amar o próximo com que se convive diariamente, cujas dificuldades e erros vemos e lidamos todo dia. Porém, foi o próprio Jesus quem instituiu a regra: amar, e não previu exceções.

Se pudesse comparar a família a um corpo humano, diria que o casal, pai e mãe, além de cabeça, são as pernas, que caminham e levam todo o corpo, e braços, fonte de sustento e de equilíbrio.

Os filhos são o tronco. Alguns filhos gostam de ser intestino, e só fazem coisas próprias de intestino. Outros são coração, harmonizam a casa. Outros, ainda, são pulmões, vêm trazer novos ares. Mas nenhum deles vive sem o trabalho dos braços, ou se locomove sem o auxílio das pernas. E se estas guiam por caminhos errados, ali permanecerão. Estão sob o comando da cabeça, e se esta não lhes der as diretrizes, param de funcionar ou não funcionam corretamente.

E sendo o casal pernas e braços, percebo que muitos casais que chegam até a Delegacia são mancos, ou até pernetas. Questionando, percebo que os problemas que enfrentam não são atuais, alguns, para meu espanto, são problemas que se enfrentam desde o namoro, como o alcoolismo e a agressividade.

Outros casais são pernas fortes e firmes, mas que por um tropicão numa pedra ou por um bicho de pé acabam se desentendendo. Mas como são fortes, em regra, tudo acaba se resolvendo.

Contudo, há casos em que mesmo parecendo estruturada, mesmo aparentando serem pernas fortes, há um osso trincado que ninguém percebe. E essa família, aparentemente estruturada e unida acaba ruindo ante as adversidades que o caminho que reserva.

Enfim, a família é a essência. É o maior presente de Deus na vida de cada um. Ouso até dizer que é maior que a própria vida, pois a vida (terrena) se extingue, mas a memória dos familiares ninguém apaga.

Sem uma família, somos bote a deriva. Dentro de uma família, apesar de qualquer tempestade, somos navio que não se afunda.

Voltando às estatísticas de mergulho, penso que algumas vezes tratamos nossas famílias como mergulhadores veteranos: acomodamos, desinteressamos, viciamos em práticas mais confortáveis que úteis, partimos para o individualismo e deixamos de lado o coletivo. Na certeza de que nossas famílias têm estrutura, pernas e braços fortes, cabeça e tronco sadios, relaxamos e deixamos de rever as normas de segurança, deixamos de buscar aprimoramento, deixamos de implementar mudanças, mesmo que para melhor. Para isso serve a estatística, para nos advertir que o excesso de confiança também leva ao acidente.

No mergulho lidamos com nossa própria vida, logo, não vale a pena se arriscar. E acredito que diante da importância da família, também não vale a pena arriscar.

Diante desta reflexão, busquei hoje na internet duas palestras sobre o tema. Seguem abaixo os links. São uma forma que encontrei para afastar a acomodação, uma forma de buscar aprimoramento, uma forma de reciclar velhos hábitos.

Os três primeiros links são de uma palestra de Divaldo Franco Pereira e os dois últimos links de uma pregação do Padre Léo.

De um lado Divaldo, médium, fala para um programa espírita sobre a origem e necessidade da família . De outro lado Pe. Léo, com toda a sua irreverência e carisma, conta um “causo” de como uma família desequilibrada encontrou Jesus. Porém, ambos não estão em lados opostos. Suas palavras não se repelem, suas palavras transcendem qualquer religião. Independente da crença de cada um, independentemente de concordarmos ou não com pontos específicos de cada Doutrina, a soma destas palestras só vem a acrescentar ao nosso crescimento espiritual e contribuir ao bom desempenho de nosso papel no seio de cada família.

Abraços a todos, e que a paz de Jesus esteja sempre conosco.


Marcelo Biagioni

O preço que pagamos

domingo, 13 de junho de 2010


Criamos um mundo repleto de idéias. Criamos um mundo. Nossos ancestrais duvidavam de nossas capacidades, mas superamos suas expectativas. Somos bons cientistas. Já fomos bons descobridores de sete mares, hoje desvendamos mistérios em outros planetas. Há anos tentávamos apenas acender fogueiras com pedaços de pedras e algumas fagulhas junto à palha seca. Hoje, somos bons. Aprendemos que a ciência nos torna melhores. Acreditamos na ciência. Com ela, curamos enfermidades. Com ela criamos e desvendamos hipóteses. Aprendemos com ela a cada dia. Ela é como um nosso filho: a cada dia nos surpreende mais a medida em que o tempo passa. Ela não cresce como nossos filhos, mas nos enche de surpresas com seus avanços. Ela...ela...ela. Ela é um dos nossos vícios. Com ela aprendemos que somos poderosos. Conseguimos certa vez criar vida em laboratório e dar prosseguimento a ela. Nos sentimos verdadeiros deuses. Mas não o somos. Isso nos limita e nos entristece. Que pena tenho daqueles que se dizem poderosos por motivo da ciência. Nenhuma ciência existe na singeleza da flor. Ela não estudou nada para ser tão bela e importante. Nem por isso deixa de ser tão bela e importante. Caeiro tinha razão; as coisas são o que são mesmo.

Certa vez, vi homens no auge de suas autoridades negarem a existência de Deus, pois haviam descoberto certas coisas em seus laboratórios. Tristes, no fundo, com certeza, eram eles. Em meio a tantas de suas descobertas, nem mesmo sabem de onde vieram, nem muito menos para onde vão. Preferem dizer que de uma ‘’grande explosão’’ e ‘’para lugar nenhum’’. Respostas adequadas, pois não provam nada, não acrescentam nada, mas são respostas que calam o silêncio que viria após suas dúvidas e incertezas quanto a esses temas. Coitados de nós. Coitada da ciência.

Temos nos tornado a cada dia mais e mais materialistas. A ciência nos corrompe os princípios de humanidade, de pouco em pouco. Nos dizemos superiores aos outros animais. Nos achamos mais poderosos em relação a esse ou aquele país, bem como aos seus povos, pois conseguimos mandar satélites ou outros pedaços de metal para o espaço e deixa-los lá. Mas não conseguimos, na maioria das vezes, atravessar uma rua para consolar a tristeza e acalentar o frio de um humano dormindo, só e sem rumo, ao relento. Pobre ‘’mendigo’’. Mandamos naves espaciais tripuladas para visitar a lua, enquanto não conseguimos acabar com a fome em nosso mundo. Enviamos mensagens pela internet, por celulares, para quaisquer pessoas do planeta, mas não conseguimos ouvir as lamentações de alguém ao nosso lado, pois nunca temos tempo. Temos tanta tecnologia de última geração e de tanta utilidade que não nos sobra tempo para sermos simplesmente seres humanos. ‘’Humanos é o que vós sois’’, disse Chaplin. Somos sim, mas nos esquecemos de como é sê-lo, caro amigo Charlie. Aprendemos que podemos ver as pessoas do outro lado do mundo pela internet, ao vivo, em cores, mas somos cegos nos negando a ver todos os que sofrem ao nosso redor; todos os que passam fome e frio nas ruas, todos aqueles que alguns infelizes, pobres seres sem inteligência e sabedoria, dizem ser simples ‘’vagabundos’’. Somos vis. Somos maus. Somos inescrupulosos quando queremos. Somos céticos em muitas coisas, mas cremos na ciência, embora ela não nos pertença. Pertencemos a ela. Ela existe por si só, apesar de nossos esforços, de nossos cálculos, apesar de nós.

A natureza não usa números, não possui calculadoras para se fazer tão bela, tão imensa, tão superior a nós, pois somos apenas parte dela. Somos enganados por nós mesmos. Estamos criando uma multidão de céticos enganados por uma mentira vaga, vã; explicitamente vaga, implicitamente contestada. Estamos vendo, por debaixo de nossos tecnológicos óculos e de nossos naturais olhos, crescer uma juventude perdida. Não estamos fazendo nada por ela.

Nos nossos dias, jovens se perdem em meio às teclas dos teclados de seus computadores, em meio à tecnologia dos jogos, em meio às formas de comunicação via internet. Perdemos nossas famílias por motivo dos avanços da ciência. Tamanha a importância que damos a ela, a ciência, que perdemos nossas famílias por ela, e nada estamos fazendo para reverter esse quadro. Nossos jovens começam desde cedo a beber, voltam para casa bêbados, sedentos por amor dos pais, pelo colo das mães. Lembro de que há alguns anos isso ainda existia. Mas não! Criamos seres tecnológicos. Tecnologia não precisa de amor. Se nossos filhos choram, damos a eles jogos para que se alegrem. Se nossos filhos se drogam, os internamos para que novas drogas - desenvolvidas pela nossa ciência - os desintoxiquem. Se nossos filhos se sentem sós, damos a eles celulares, iPods, videogames modernos. Esquecemo-nos da sensação de darmos abraços, de darmos belos e sonoros ‘’bom dia’’. Esquecemo-nos de como é beijar nossos filhos antes deles dormirem e de abraçá-los para que não tenham sonhos ruins. Se nossos bebês choram, damos a eles CDs com músicas que tocam calmas e tranqüilas nas tecnológicas babás eletrônicas modernas. Somos fiéis desconhecedores de nossa raça, nossa raça humana.

Humanos é o que somos. Não somos máquinas, mas nos habituamos a elas e, com isso, nos tornamos parte delas. Somos infelizes corpos orgânicos que invejam os parafusos e chips das máquinas modernas. Queríamos ser como os computadores. Quando em dificuldades diante de um computador, deletamos coisas, desligamos os programas, recomeçamos. Na vida isso não é possível. Desaprendemos a errar e consertar erros, principalmente o último. Aprendemos a vida fácil dos jogos de simulação onde podemos errar e recomeçar ‘’do zero’’. Nas nossas vidas isso não é possível, por isso frustramo-nos. Pobres somos nós, pois cremos na mentira de que somos inferiores às máquinas, que elas nos derrotam. Não! Somos muito melhores que elas. Somos muito melhores, inclusive, em relação ao que somos hoje! Nos falta voltar à certeza da beleza da vida, à beleza dos abraços, dos beijos fraternais, dos ‘’bom dia’’, ‘’boa tarde’’, ‘’boa noite’’ da boa e velha vida humana, com ou sem computadores que nos espreitem. Somos melhores que isso, mas estamos dando mau exemplo aos nossos jovens.

Estamos criando uma multidão de descrentes na vida, de decepcionados homens e mulheres. Estamos vivendo e deixando um mundo de caos e desespero, de desapego para os nossos jovens, pois criamos ‘’verdades’’ mentirosas para pautarem nossas vidas, nossos hábitos, nossas ações e, principalmente, nossas desculpas e nossos erros. Fracassamos! Estamos criando uma geração inteira baseada nessas mentiras. Não podemos criticá-los, caso nossos filhos errem conosco ou errem com outros, pois os ensinamos a serem assim. Somos hipócritas e deixamos a hipocrisia como herança. Criamos nossos filhos junto às novas gerações entremeados a falsas expectativas, em meio às nossas falhas de comportamento, em meio aos nossos erros infindos. Falhamos!

Nossos filhos, apenas com muita sorte e com a proteção Divina, não irão cometer nossos erros, ou o que seria pior, cometer mais erros além dos nossos. Torçamos pela sorte. Torçamos pela proteção Divina. Torçamos por eles, nossos filhos. Afinal, esse é o preço que pagamos por mentir para a juventude.

Pedro GuiSaX

SOBRE O SONHAR

domingo, 6 de junho de 2010







Sonhar parece um sonho nos dias de hoje. Criamos o mito, ou apenas uma impressão minha, de que sonhar parece algo quase impossível atualmente. Estamos tão acostumados a vermo-nos privados de nossas intenções, de nossas vontades, sejam por dificuldades as mais diversas, sejam elas financeiras, sociais ou outras, que os sonhos hoje se nos apresentam como meras intenções futuras que, caso sejam alcançados, diríamos: ‘’ótimo’’, caso não: ‘’tanto faz’’.

Sonhar é a mais bela certeza que temos no futuro; é um lapso de esperança que pode durar anos, perdurando, certas vezes, por toda uma vida. É algo que transcende ao que os olhos conseguem ver no materialismo da vida, superando, às vezes, em muito, a realidade em que vivemos, seja em tempo, seja em qualquer outro aspecto da vida cotidiana. Sonhando, podemos nos ver como reis, rainhas, felizes, em paz conosco próprios, em paz com os demais. Guerras acabam. Vitórias são alcançadas. Passamos de ano. Vencemos partidas de futebol. Ganhamos os mais gostosos e fortes abraços.

Através dos sonhos, conseguimos as profissões que, no fundo, cremos que nos completariam. Sonhando criamos a família que nos tornaria felizes. Sonhando somos melhores. Somos felizes! Sonhar é a maior manifestação de esperança que podemos manifestar, quer seja para nós mesmos, quer seja para todo o mundo ver e ouvir. É a forma que Deus nos deu de crermos em nós mesmos, de termos fé na vida, de termos confiança no amanhã. Mas o que temos feito em relação ao amanhã?

Temos o hábito de denominarmos aqueles que sonham como pessoas malucas. Dizemos por aí: ''Ele(a) é apenas um sonhador(a)''. Fazemos questão de salientar o “apenas”,tentando denegrir a capacidade daquela pessoa que, por sua vez, é capaz de fazer algo tão sublime. Pobres de espírito são aqueles que dizem coisas tão ruins e mentirosas como a do exemplo dado. Esses dizem isso como se sonhar existisse na forma de algo que não fosse proveitoso. Como se eles, os ''sonhadores'', estivessem perdendo tempo. Quem sonha não perde tempo, ganha esperança! Quem sonha não deixa de viver oportunidades, ganha motivos para crer nelas, para ter forças para elas, e, mesmo que as percam vez ou outra, pois sempre perdemos coisas pela vida afora, ganham novas oportunidades através da renovação de suas esperanças, através da sua arte desenvolvida e aprimorada do sonhar.

Sonhamos dormindo. Sonhamos acordados. Mas, vez ou outra, ou às vezes o tempo todo, permanecemos sonhando. Sonhar é reafirmar para si que aquilo que esperamos para nós pode se tornar real um dia. Isso nos torna mais fortes para enfrentarmos nossos fantasmas diários. Mas estamos acabando com a capacidade das pessoas de sonharem. Temos perdido nossas esperanças de futuro e vida melhores para além daquilo que vivemos no presente.

Sonhar! Essa é a questão. Não sabemos nem mesmo através da ciência o que de fato isso significa para nós, enquanto dormimos. Não sabemos a importância do sonhar. Não damos crédito a essa nossa capacidade. Mas acreditem, precisamos sonhar! Sonhar é lícito e uma das poucas coisas que leis, regras ou ditadores nunca conseguirão nos impedir de fazê-lo.

Certa vez, ouvi a seguinte frase (que me perdoe o verdadeiro autor da mesma): “tudo o que hoje é verdade não é nada mais que parte de um antigo sonho impossível”. Sonhemos amigos! Sonhemos! Acordados ou dormindo. Que isso revigore nossas energias, pois movemos o mundo através de nossas forças, de nossos sonhos. É através dessas nossas energia e capacidade que somos capazes disso.

Sonhemos com um mundo melhor para nossos filhos e lutemos por conseguirmos filhos melhores para nosso mundo. E que assim seja e, enfim, tornemo-nos felizes. Talvez chegará o dia, de tão bela e plena felicidade, que sonhar será apenas parte de nosso passado, não sendo mais, nem sequer, necessário. Sonhemos com esse dia. Lutemos por ele. Assim, enfim, chegaremos lá, e chegaremos, se assim Deus o quiser, juntos!


Pedro GuiSaX