Passos Curtos

terça-feira, 7 de setembro de 2010


A passos curtos temos caminhado. Por durante muitos anos, o homem se viu aflito frente às desavenças e medos gerados por uma denominada “Guerra Fria”. Ditaduras espalhadas por todo o globo. Hoje, não nos vejo tão longe daquela época. Não a vivi, confesso, mas creio que nossos sentimentos não seriam muito diferentes dos de hoje.

Se estivéssemos ainda na guerra fria, teríamos medo constante de uma nova guerra mundial; de novos conflitos armados; de vermos nossas casas sendo invadidas por militares. Opa!, nesse caso, não temos mais tanto medo de serem invadidas as nossas casas por militares, mas temos excesso de medo de que, em qualquer hora, algum bandido qualquer, um jovem (provavelmente) que vive à mercê da sociedade desde que nasceu, pule nossos muros e adentre em nossa residência com intenções que nos afligem; jovem esse que não teve (muito provavelmente) um lar, uma família na forma de um pai ou uma mãe que lhe colocassem no colo lhe dando conselhos e afeto nos momentos de dificuldades, de dúvidas ou receios. Sem medo da morte, esses jovens seguem a vida aos seus modos. Hoje, vivemos acuados por vários medos e em todo o tempo!

Por todos os lados, o medo nos assombra, tornando-nos acuados. A qualquer momento podemos ver países sendo invadidos pelas mais infames desculpas. A qualquer hora do dia, famílias inteiras são mortas por motivos mais triviais. Pais, mães, filhos se perdem no caminho dos vícios, das drogas, da violência, do desamparo. Somos todos reflexo dos medos que criamos há anos e que não os deixamos ir. Construímos e perpetuamos a sociedade e as coisas que nos causam medo. Ainda somos vítimas dos mesmos (talvez um pouco mais modernos hoje em relação a outrora) medos de sempre.

Andamos a passos curtos. Estamos tendo dificuldades em ver nosso passado distante de nós, deixado para trás. Há séculos e séculos homens matam seus semelhantes. Antes era “olho por olho, dente por dente”; hoje nem mesmo temos um bordão qualquer. Antes, homens matavam quando iam às guerras, quando julgavam que sua honra havia sido afetada, ou que a honra de sua família havia sido atingida de alguma forma. Hoje, matam-se por nada. Por desavenças no trânsito. Por desavenças no esporte. Por desavenças do lar. Matamos como animais irracionais, mas nem os animais irracionais matam sem motivos. Eles matam para dar o que comer à sua prole, visando sua sobrevivência. Matamos hoje por qualquer motivo e, pasmem, por prazer até. Caminhamos a passos bem curtos. Alguns de nós nem mais caminham - ou por medo ou porque não sabem que avançar é parte de nosso objetivo na Terra.

Somos caminhantes errantes. Muitos de nós se crêem sem lugar para ir. Esses caminham sem vislumbrar qualquer lampejo de esperança. Caminhamos a passos curtos, embora a maioria de nós não o perceba ou nem se importe. Outrora éramos mais reflexivos. Sócrates e Platões não mais habitam nossas praças, pois ou têm medo de saírem às ruas ou não têm tempo de refletirem mais – pois, acredito, a internet e seus empregos têm tomado conta de todos os momentos de seus dias.

É fato: caminhamos a passos curtos, amigos! Mas sempre adiante. Embora o pessimismo nos assombre assim como o medo, a verdade caminha de mãos dadas conosco e o Bem Maior nos espreita a todo tempo não nos deixando perder as esperanças e os rumos da caminhada.

Adiante, companheiros. Adiante! Sempre em frente. Avante! A passos curtos ou não, mas cada um ao seu tempo, porém todos para frente...sempre para a frente, rumo a um futuro sem os medos que tanto nos corroem hoje. E ele há de chegar!

Pedro GuiSaX.

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